Q - R

Rayana Almeida / Rodrigo Araujo / Rodrigo Carvalho





Rayana Almeida

Sem nada preestabelecido
Eu não quero rótulos,
Não preciso de setas.
Eu não sou idiota!

Dispenso sua bíblia
E aqueles discursos decorados
Sua luta hipócrita
Seu olhar desconfiado.

Eu mudo se assim tiver que ser
Retorno ao ponto de partida
Repenso o sonho
Repenso a meta
E me entrego como nunca.

Ando com “trava”
Cuido do mulato
Inimiga de quem escraviza a mulher
Seja na rua,
Seja na cama

E se você acha pouco
E quer meu dizimo
Saiba que minhas contas,
Acerto com minha alma.

Meus heróis não conheci nos livros
Face a face
Braço a braço
Olho no olho
Corpo inteiro na favela

Sem teorias
Fui eu quem apanhou outro dia
Por andar de mãos dadas com uma menina
E achar que o preto tem direito a prosear.

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Eu tô apaixonada. Pela minha imobilidade, pela minha calma. Pela minha maturidade. Eu tô apaixonada. Pelo meu amor próprio, pelo cuidado que eu tenho de não deixar ninguém me magoar.Eu tô apaixonada. Pelo efeito que eu causo em algumas pessoas. Que de tão desesperadas, metem os pés pelas mãos e saem fazendo bizarrices pra aparecer. Pra eu perceber....


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Blindagem sensitiva


O mundo caindo La fora.
Um bilhão de palavras sendo ditas.
E quando a mim?
Faço parte deste mundo?
Ando dizendo coisas, ao menos idiotas?

Sorrisos. Sobretudo, os encharcados de momento inesquecíveis;
Olhares de compaixão. Ódio, hostilidade, que seja!
E quanto a mim ...
Permaneço ainda imóvel.
Como se eu  na verdade, estivesse blindada.
Blindada de sentir qualquer tipo de coisa,
Que qualquer pessoa normal sente.

E quanto as previsões e críticas que eu  recebia desde pequena,
Vocês tinham toda a razão!
Transformei-me neste ser pavoroso e totalmente morto.
Morto, no sentido mais literal que pode ter a morte.

Ninguém consegue me tocar,
Ou conseguir ver a verdadeira cor dos meus olhos.
Cubro-me de fantasias, que crio e falto acreditar.
Vocês tinham mesmo razão!

E quando digo “chega!”,
Como poderiam vocês, acreditar?
A vileza é uma doença incurável.
Resta-me apenas continuar bebendo as vivências alheias.
Vestir suas roupas, tocar seus sentimentos, ouvir seus risos.
E ainda aqui, permaneço como desde pequenininha.
Vilã. Arrogante!
Mas ainda assim,
Completamente imóvel.


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Pode me ouvir por um segundo?


Quero dizer que sinto muito. Sinto por não mais te impressionar. Por ter transformado nossas conversas em rituais de massacre. Sinto muito por não conseguir mais te olhar com doçura. Por sentir medo do futuro, por ter um beijo hoje tão amargo. 
Quero dizer que sinto ciúmes. Da sua casa, da sua vida, dos seus sorrisos. Tenho ciúmes do seu olhar distraído, das musicas que ouve, das conversas que não entendo. E eu não compreendo mais a raiz deste problema pois, anda tudo tão sem sentido entre nós que nem me surpreenderia se por outra se interessasse.
Quero que saiba que mudei bastante. Mudei por nós, por você, mas ainda não foi suficiente para me tornar a pessoa que você gostaria que eu fosse e quanto a isso, não posso fazer absolutamente mais nada. 
Você consegue ainda me enxergar? Ver quem realmente sou? No fundo acho que sou uma mera projeção do que você gostaria que eu me tornasse.

Surpreendo-me com as juras de amor que ainda conseguimos fazer – com tanta verdade nos olhos- mas que no fundo não vai nos salvar. Degeneradas!

Assusto-me com nossas lágrimas, pois, quem um dia imaginaria que terminaria assim?

Deixo claro minha partida. Encontrarei o retorno mais próximo em direção a meu mundo próprio. Construirei novamente meu castelo com vista para o mar, juntarei os restos do que sobrou de nós e os colocarei na gaveta do meu armário dos fundos. Tocarei nossas musicas antes de dormir, e bem devagarzinho pegarei no sono. Dormirei a vida toda até que de repente, tudo isso passe. Sim, é hora de dizer adeus.


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ENGANOS 

Terrível e imunda, 
Intransigente e agressiva.
Pergunto o que tenho de fértil afinal,
Se na verdade, sinto cheiro de podre quando escorre meu suor.

Quantas chibatadas terei de levar 
Para me tornar alguém digno de respirar neste mundo?
Se toda vez que eu respiro,
Roubo um pouquinho da esperança das pessoas que amo?

De que adianta tanta aparência, 
Quando na verdade tudo o que sempre foi dito 
Foi apenas para convencer as pessoas de que eu era boazinha?
De quê que adianta gingado,
Se no fim da madrugada troco os curativos que me camuflam o que eu realmente sou?

De que importam as palavras, 
Se no final das contas cada um defende o que acredita?
Para quê falar tanto em amor, 
Quando o que realmente queremos é um espelho de nós mesmos para apreciar? 
Entende? 
É tudo um grande erro. 
Vivemos de grandes falácias.


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Porque ?

Eu gosto de quem se entrega intensamente, quem acredita que sempre existe uma possibilidade. Eu gosto de quem partilha, não simplesmente “retira” o que de melhor você tem para alimentar. 
Aprecio pessoas sinceras, que têm boas maneiras e que gostam de “contato”. Contato direto com outros seres humanos. Conversa informal no parque, um café no banquinho da praça, violão, cigarro e sorrisos. 
É preciso dar mais valor ao que é simples e acessível. Temos tanto o que aproveitar à nossa volta. Quando foi a ultima vez que você levou seu cachorrinho para passear? Deu um abraço apertado na sua mãe? Quando foi que você já disse “eu te amo” para seu irmão? 
Porque não nos envolvermos sem ressalvas, sem “excetos”, sem medo de sermos correspondidos? Pra que medo de sofrer? Viva o agora, o resto deixa correr.

Será que conseguimos tempo para viajar com a família nos dias de hoje? Porque conquistar bens materiais é tão mais importante? Porque essa coisa de hora marcada, roupa engomada, padrão pra seguir?

Chegue na e se você se interessar por alguém vá até lá. Dê o primeiro passo. Bloqueio porquê?

Porque não ceder uma vaga no estacionamento pelo menos uma vez na vida? Aprecie cuidar do jardim. Brincar com um recém nascido. Sinta o cheiro que a terra tem, que as frutas têm, que seu corpo tem. Sinta melhor a água pelo seu corpo ao tomar banho, vista-se menos de preto.

Vá para a rua cantar alto se quiser. Tome as rédeas da sua vida e aproveite bem, pois ela é uma só. Faça valer à pena e o que não valer, não deixe te deixar na pior. Não desista de você. Dê a cara para bater !


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Eu vivo a infelicidade de ser alguém visivelmente feliz !


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Quer saber?

É preciso parar. Parar de acreditar que no final ainda pode dar certo. 
Já tentamos tanto, afinal.
E na verdade a única coisa que pretendemos com isto tudo
É ter alguém que nos faça sorrir das nossas tolices,
Que nos faça companhia nos dias nublados
Que olhe nos nossos olhos, quando todos já se foram.
Mas quer saber?
Que importa ter tudo isto
Se preciso chorar tanto por miseras parcelas de amor?
Quer saber? 
Tô cansada de tanta exigência.
De manual de instruções. 
De sonhos pré-estabelecidos. 
Onde eu me encaixo neste emaranhado de vontades?
Quer saber?
Você é fútil e egoísta. 
Vá viver sua vida. 
Um dia acostumo a viver em paz, 
sem você.


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Sim, é um poema de egoísmos ...

Nem tudo esta perdido. 
Visto-me de bandido
Pra mudar um pouco essa rotina
De só eu perecer.

Tenho me confundido 
E confundido as pessoas.
Eu quero sempre mais
No entanto não abro mão.

Visto-me de idiota 
Olho dentro dos seus olhos
Como quem implora por um brinquedo.
No fundo eu quero seu sangue, sua alma, seus segredos.

E assim a vida vai seguindo 
Matamos um leão por dia para sobreviver.
E com um beijinho de recompensa, 
Fingimos estar bem, fingimos nos amar, fingimos viver.


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Q- de quem 

Quem pode ser chamado de poeta?
O que é poesia?
Escrevo e não consigo encharcar o papel com as lágrimas que derramo.
Meu ser é encharcado, carregado, preso.
Como um pássaro prestes a sair da gaiola,
O tempo todo excito-me com a possibilidade de entenderem o real sentido do que escrevo.
E que linda é a poesia. Sentimento em foco.
Quem pode?
Eu quero muito ouvir o barulho que sua corrente sanguínea faz quando você esta apaixonado.
Quem pode ser chamado de poeta?
O gari do centro, o dono do bar, a avó, o garimpeiro ...
Eu vejo palavras flutuarem em meio à fumaça dos carros.
Quem pode?
Eu vejo paixão, cor, veneno.
Eu ouço carne fresca, eu ouço toque na nuca, eu ouço beijo na boca.
Eu cheirei todo o seu pudor.
Quem pode ser chamado de consciente?
Ciente?
Quem?
Quem pode ? 


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Não sei dar títulos a meus desabafos

Nem sempre é possível, por mais que se tente com todas as forças de sua alma, redigir uma síntese de certo estado de espírito. Como esmiuçar com competência, as palavras que em sua maioria faltam neste momento? Confesso que o mais difícil agora é organizar tantos pensamentos, que como uma espécie amontoado de retalhos, insistem em colidir uns com os outros bem na minha frente. Seria um sonho ou alucinação? Alucinação. Na verdade, tememos que tudo isso não passe do tal ‘principal capítulo’ da vida que cada um de nós têm, aquele marcante, que, mesmo quando já velhos, nos recordaremos com saudade, uma lágrima nos olhos e um certo nó na garganta.
Alguém aqui se preocupa com destino? Ele ao menos existe? Fatalmente, certas ideologias da modernidade insistem em nos dizer que não. E pra falar a verdade, não seria excitante pensar que já nascemos com algo traçado, como se exatamente tudo, ate mesmo um fio de cabelo seu que cai, já esta mais que escrito, em alguma espécie de livro sagrado. E que está nas nossas mãos apenas as decisões mais polêmicas – que enfim decidirão qual dos dois fins, o bom ou o ruim, você terá. Na verdade, destino, é alguma palavra que inventaram para nos persuadir. Cada dia é um destino que escrevemos a próprio punho. Cada um é capaz de escolher exatamente o que quer. É tão frustrante perceber que não existe mais desculpa nenhuma para nossos tantos tombos, escolhas, erros. Precisamos insistentemente nos apegar à ilusão de que somos apenas marionetes. Só que não somos.



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Transe no quarto


Ondas magnéticas gigantes invadem o meu quarto.
Transe.
Uma sonoridade atípica transborda o meu ser.
Cada palavra eu vejo e sinto agora com clareza jamais vista antes.
E a fumaça que me entorpece, também, mostra-me o caminho deste grande labirinto.
Transe.

E os gnomos insistem nesta dança psicodélica infinita.
Suas capas pretas são movimentadas pelo vento forte.
A expressão facial  torna-se cada vez mais expressiva. Expressão!
Transe.
Gnomos falam francês e latim  e ‘gnomês’.
Você consegue tocar o léxico dos gnomos? Nem eu!
Transe.

Cada molécula do seu corpo movimenta-se perceptivelmente,
Num ritmo perfeito e combinado.
Cada som possui a singularidade de uma orquestra de fundo de quintal
Olha lá a neguinha pulando. Basta o tambor soar que ela grita!
Transe.
A brisa acalma. Toma fôlego. Volte à dançar.
Mais uma bola...
Transe.

Ah, e o xerife. O solitário xerife!
Sentado naquele mesmo canto, daquele mesmo bar empoeirado há anos.
Transe
Ele chora as mágoas de um amor não correspondido.
Mais uma dose, por favor, pois nada vai mudar daqui até o pra sempre!
Copos e badulaques pendurados.
Aquele chapéu e aquele cinto.
Transe!

Não temos que ser criativos seguindo regras literárias!
A literatura é espontaneidade, simplesmente.
E neste mundo louco onde se busca cada vez mais se ter,
A literatura torna-se a válvula de escape.
Tome! Ela é sua. Faça o que quiser!
Transe.
Sinta o que ela tem a lhe oferecer. Respire fundo, tome fôlego novamente.
Transe e transe e transe!


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Você já?

Você já parou para pensar nos poetas?
Nas delicadas e sutis palavras
No peso pesado de suas rimadas,
No mundo de imaginação liberada no ar?

Você já parou para pensar no artista?
Na performance regada à vinho, pompa e dor?
Nas cores vivas estampadas no rosto suado.
No braço entrelaçado no olhar firme e vibrante?

Você já parou para pensar na colheita?
Aquela que fazemos durante toda a nossa vida.
Enchendo nosso balaio de gente, coisas, sorrisos,
Barbárie, transpiração, emoção e nostalgia.

Você já parou para pensar no que você é?
No que veio fazer nesta vida?
No que tem a oferecer?
Você sabe quem você é?

Quem é?
Quantos suspiros por amor já deu?
Qual é a essência do que no final das contas é você?
Diga-me?
Quem és ?
Você já parou para pensar ?


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Mimo de mãe

É tolice sua
é mera tolice
quem disse que era pra crer?

Eu vos disse filha,
que enamorar-se tão cedo
era prejudicial.

Como poderias alguem
de tão frágil astúcia
acorrentar o coração de um homem bom?

Eu vos disse filha,
que acreditar seria perigoso
e sei que era sempre muito bom ...

Eu vos pedi, óh minha filha,
para segurar teu seio com as mãos
mas que não se deixasse levar pelos olhos dele.

Olhos mentem, meu bem
as vezes mais que a boca.
Os olhos são perigosos.

Eu avisei ...


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A RODA

Ate quando nos esconderemos?Até quando deixaremos de ser quem realmente somos em troca de uma suposta estabilidade. Aceitação. Até quando deixaremos de experimentar os gostos que nos atraem, ver os detalhes que nos prendem, tocar os corpos que realmente nos excitam?
Escolher o caminho mais tortuoso não era minha primeira opção. Nem sei mais se existe opção. E como tem sido difícil minha auto-aceitação. Na verdade, acredito que ainda não tenho consciência do que isso tudo seja. Se não passa de uma fase ou coisa do tipo. Não me vejo agindo como pessoas por ai. Não é fácil pra mim. E, por mais que tenha apoio suficiente para seguir, sei que em algum momento estarei sozinha.
Tentei buscar respostas nas pessoas que tinha como referência e até mesmo nos filósofos e psicólogos mais indicados para este mal, não obtive resposta. Tentei evitar espaços, músicas, cheiros. Não uso certas roupas na intenção de evitar que alguém me procure.
E pra falar um pouco sobre o que sinto, tenho medo, repulsa, desejo. Sinto que não posso controlar e é exatamente isto que me amedronta, porque, trocaria qualquer coisa neste momento para ter minha estabilidade de volta.Ouvir Coldplay me lembra tanto você. Faz-me te querer tanto e, de novo, e de novo, e de novo. Cada toque seu, me faz perceber que tudo que vivi até então, não passava de uma felicidade criada e prescrita antes mesmo de eu nascer. Uma felicidade que não me satisfaz, nunca me satisfez.
A roda da vida tem girado no sentido contrário, sentido este, que me dá enjôo de tão doce que é. A roda do tempo tem cobrado mais rapidez da minha parte e é exatamente agora que tenho menos força para seguir. Dá pra entender que não quero seguir?. A roda do desejo tem me dito ao pé do ouvido que não vou conseguir resistir. Que ela é mais forte que eu e, que não preciso ter medo. A roda do que no final das contas, sou eu, não gira. Está completamente estática. E a mistura de sons, cores, gestos, olhares, por mais sutis que sejam, têm feito um verdadeiro mosaico das minhas sensações. Não mais me reconheço. Tenho a impressão de que tudo não passa de uma roda, uma roda que roda que passa pela vida de todas as pessoas que habitam essa Terra. Roda esta que faz parte do crescimento individual de cada um. Precisamos desta roda. A qualquer momento saberei guiá-la e assim terei minhas respostas.
Tudo é tão subjetivo, meu bem.. Desculpe-me por ser tão inconstante. Como te disse, tenho esperança de ter criado um teatro de marionetes da minha própria vida. A marionete sou eu, controlada agora, por você. Tenha pena de mim!? Não quero continuar. Tenha pena de mim!? Quero você agora e cada segundo que ainda há de vir. Tenha pena de mim!? Isso é tudo que eu nunca quis e o que mais quero a partir deste instante. Tenha. Tenha. Venha. Quero conhecer cada centímetro desta anatomia tão familiar, estes lábios tão finos e delicados quanto os meus, estes olhos que me dizem exatamente tudo que eu sempre soube.. Vem, que, já sinto sua respiração a quilômetros de distância. Não se afaste. Não me deixe. Venha. Venha rodar a roda desse amor comigo. . .


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 o tipo Zé

Zé adora um bate papo. Principalmente ser for da vida alheia.
Zé fica o dia todo entretido no universo digital. Jura que é intelectual.
Barbinha mal feita, óculos pra dar um grau e lá vai ele com os livrinhos embaixo do braço. Ele diz ganhar dinheiro com isso.
Zé apareceu assim, com um sorriso largo. Conquistado tudo e a todos. Mas eu e minha mania de analisar a personalidade alheia logo percebi que havia algo errado. 
Zé, com aquela pose e discurso de macho letrado, deixava escapar poesias regadas à luxúria para seus amiguinhos de classe. Frustrado que era, por não ter coragem de se assumir, covardemente, tentava impedir à todo custo que os demais fossem felizes. Incessantemente, trabalhava no cultivo de novas malfeitorias. 
Zé, porém, deixava de viver suas próprias histórias. Criava um novo perfil de uma personagem e agia exatamente igual. Zé tinha uma queda por vilãs.
Mas o final da história de Zé, não há como descrever. Este processo ainda não se deu por completo. E, como todo bom ser humano, ainda tenho esperança de que ele caia em si, afinal, não temos tempo a perder. Temos uma vida curtinha para viver, coisas nossas pra fazer, e dedicar-se tanto ao mundo da ilusão, e no mínimo de despertar pena. 
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Rodrigo Araujo

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Humana Natureza

Ritmo inquebrantável
melodia decomposta
migalhas sem cor
fenômeno imanente
magnitude uniforme
fastidioso carteiro...
Natureza... invisível
e circulamento abismal.
Onde está o sentido 
de não a decompor?
E onde está a diferença
em migalhas propor?
Natureza... rítmica
e inoportuna
Natureza... Divina Mulher
Natureza... Imperfeita dor
Natureza... fraca
e assim forte 
Natureza... tudo
e nada
por mais humano que pareça...


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Sinto-me feliz, e triste, e novo, e velho. Confuso, decidido, temeroso, vivo, abatido, são. Mil paradoxos unindo-se em um destino. Ser ou não ser poeta, ser ou não ser não-normal? Viver com arte ou crescer sem motivos para sorrir de cada acontecimento e aprender com ele? 

A decisão é pessoal, mas universal é a vontade de aproveitar ao máximo os nanosegundos que nos restam... Tic Tac...
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Rodrigo Carvalho

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Minha nova paixão é por gaivotas.
Não que eu seja mais um pirata urbano, se fosse pra ser marujo n'uma embarcação qualquer(seja pirata ou um marujo convencional), eu iria buscar o mar de verdade, sentir a brisa salgada e os lábios ressecados. Fosse pra ser pirata eu buscaria um amor imaturo e febril com uma morena filha de pescadores, partiria dentro de um mês e contaria para todos da garota que partiu meu coração. Teria tatuagem de âncora e um periquito, me esbaldaria de rum e brigaria por qualquer motivo. Seria feliz pela vida que tenho e reclamaria da possível vida brilhante que eu poderia ter em terra. Como marujo, pirata ou capitão, seria um bronco feliz, porém sempre buscando as delicias que só a terra provê.
Não sei mais qual vida quero ter, será que sou ligado a terra ou ao mar?
Só sei que as gaivotas me arrancam um sorriso, com a possibilidade de uma vida que nunca busquei porém sempre adorei.
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