E - F

Francisco Danilo Chicão / Franz Galvão Piragibe





Francisco Danilo Chicão

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VOZ
ELO
LUX
ALMA

E assim descobri que ela surgia,
Dando mais luz ao meu dia,
Através do meu cantar,
Trazendo pro mundo calma,
E mostrando que minh'alma
...
Queria se libertar...



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Amar

Não amo se não por amar,

Como as pedras que rolam,

As ondas que morrem,

E o vento que sopra.



Não amo para ser feliz,

Amo para ser eterno.

Porque amar é ser maior,

É ser senhor e ser escravo.



No amor não há justiça.

Tudo é porque pode ser.

Nesse amar, a vida é passarela,

Um olhar fala e o coração responde.



Amar é uma ação suicida,

Você ama o outro e nega o seu eu,

E sabe por quê?

Por que o ser amado já é em si a vida que você quer viver.



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Ode a uma estrela



Olhos felizes, tristes...

No canto da boca um sorriso.

Sem sonhos ou objetivos

Conquista o que já é seu.

Confusão na alma e no ser!

Por vergonha ou medo

Corre para o cofre escondido,

A chave existe, basta conquistar.

Com fórmulas e frases soltas

Conquista o oponente,

E como estrela, brilha no silêncio da noite.

Mulher quando quer,

Menina se precisar.

Faz dos espelhos do mundo uma barreira segura.

Será?

Rende-se ao mais tosco afeto,

Não busca glórias ou ajuda,

Mentira.

Apresenta-se ao mundo como rainha

Em um mundo só seu.

Sem cavaleiros ou dragões,

Sem torre e sem castelo.

A vida é o agora, em tese!

O amanhã pesará ou não,

Decide depois...

Perde no salto frações de vida,

Contenta-se e segue o fluxo da cidade.

Dois olhos mudos, capazes de traduzir um mundo.

Movimentos rápidos, a fuga,

O sim e o não.

Luas que brilham através do tempo,

Muralhas criadas de sal e solidão.

Do peito aquecido fagulhas de amor...

Sábia donzela indecisa que sabe o que quer sem querer,

Que sabe ganhar sem vencer.

Raio de luz e poesia em plena noite escura,

A companhia perfeita para quem vive de arte.

Antítese de tudo que é seu,

Senhora dos ventos e da verdade.

Frágil como uma rosa,

Dócil como o luar.

Perigosa como uma flecha,

Espinhos.

Quem é ela? Não sei,

O que queres? Amor.

Sabe que há na existência mais vida que vácuo,

Transforma-se.

Navega sozinha por não querer companhia,

Hoje.

E eu garimpeiro das palavras,

Escravo da comeia,

Camaleão em dias de sol,

Encontro-me à luz dos seus olhos

Contemplando a vida e morrendo aos poucos.



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CONCEITO
POESIA,
A VIDA POR UM FIO,
NA LINHA,
NA PONTA DA
CANETA!
A VIDA
EM UM PLAYGROUND


INFINITO.



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Eu-lírico

Caminhando entre os mortos.
Na verdade eles nunca estiverem aqui,
E tudo aquilo que você hoje lê
É exatamente tudo o que um diz quis sentir.
A vida pode até parecer confusa, não importa,
Você tem a certeza que um dia isso foi vivido,
Os mortos, a glória, as entradas e as entranhas.
Os rostos e o mesmo sentimento confuso.
Não temas, a verdade não irá doer, tente.
A estrada só é longa para quem não tem coragem.
Vejo todos, um ser vivo ainda anda entre eles, é você.
Não fuja, a vida pode ser surreal para um guerreiro armador.
As vozes chamam seu nome? Não vá!
As estantes só são lindas de passagem, nunca como casas.
A vida só é linda se vivida, nunca como livro.
Os livros são os outros, nunca você.
E se você escrever um livro contará outros sentimentos.
E eu caminho entre os mortos.
“Vozes veladas, veludosas vozes...”
Nenhum grito sublime me parte o coração,
Pois as vozes que gritam de agonia,
São as mesmas que choram sem alegria
Quando vêem no silêncio minhas faces em tuas mãos.



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De bar em bar
Os meus gritos são mais altos
Que a torre de Babel,
E cada lágrima que derramo,
É uma letra no papel.
E assim constitui-se a minha poesia,
De sal e solidão.
Dois cubos de alegria um dia recebi,
Perdi-os.
E enquanto eles se acabavam,
Enquanto, em vão lutavam,
Contra todo aquele oceano
Senti por um momento o doce
Sabor da vida,
Que como a minha infância esquecida,
Não mais voltará,
Deixando-me com lembranças,
Vagando de bar em bar......



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Sexo e distorção
Sexo e distorção,
Eu te quero mas você diz não.
Sexo e distorção,
Há um velho punhal guardado para cada novo coração.
Sexo e distorção,
Um suspiro, um toque, tua cintura em minha mão.
Sexo e distorção,
Uma blusa na cama e um short no chão.
Sexo e distorção,
O mesmo falso gemido da ilusão.
Sexo e distorção,
Seus lábios vermelhos, seu seio em minha mão.
Sexo e distorção,
Um novo lençol vermelho e a garrafa no chão.
Sexo e distorção,
Vozes e gritos gerados em vão.
Sexo e distorção,
Seu corpo ainda diz sim, mas você me diz não.
Sexo e distorção,
Seus olhos molhados, no corpo o tesão.
Sexo e distorção,
A vergonha na cara e a coberta no então.
Sexo e distorção,
A água no corpo e o sabonete no chão.
Sexo e distorção,
Tua cabeça mais baixa, teu cabelo em minha mão.
Sexo e distorção,
A porta trancada e a toalha no chão.
Sexo e distorção,
O prazer é carnal e nada deve à razão.



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Entre vias e viadutos

As luzes da cidade são frias
Como os lábios das pessoas mortas.
Observo-as sempre por essas vias
Que da cidade já se tornaram portas.

Penso nas vezes que andei sozinho.
Busco esquecer toda aquela dor.
E das pedras que encontrei no meu caminho
Só o pó permanece a se expor.

Cruzo a noite depois de cada dia
Com a certeza das minhas viagens tortas,
E querendo mudar encontro a via
Mas não tenho chaves, só as portas.

Tenho agora a incerteza de tudo
E minto para seguir em frente,
E o meu verso nunca será mudo,
Se alcançar o coração da minha gente.

Mas este sentimento, este pesar
Não terá saída, cura ou solução.
Tive um enterro prematuro ao me acordar
Nesse frio e mórbido corpo-caixão.
A Rosa após a glória
Quando sentires um dia a vida pesar,
E a solidão, única amiga a te acompanhar,
Sangrará lágrimas de dor ao anoitecer,
E lembrará de cada amor que se negou a viver.



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Quando o peso dos anos bater a tua porta,
E sua beleza se apresentar no espelho já torta,
Sentará na poltrona da sala empoeirada,
E pedirá uma chance de refazer tua jornada.

Quando seus amigos e amigas casarem-se enfim,
E teu coração receber apenas a palavra oposta ao sim,
Saberá certamente que nem tudo foi como imaginou,
E olhando para trás chamará por quem um dia satirizou.

Quando passar esta fase encantadora meu bem,
E o tempo levar, pois leva, o brilho que tem,
Soltará então gritos de pavor no silêncio da rua,
E a sua única amiga zombará de tua realidade nua e crua.

Quando um dia perceber o quanto falou sem pensar,
E a planejar cada jogada da vida para não mais errar,
Sentirá no teu seio um aperto profundo,
E sofrendo se perguntará_ Aonde está todo mundo?

Quando na multidão seu rosto não for reconhecido,
E os jovens zombarem de suas roupas e de teu corpo encolhido,
Servirá para ti mesmo um café ou um chá,
E se amargorando pedirá para no tempo voltar.

Quando sentires sumir do teu corpo a força,
E clamando pela morte, você peça ou torça,
Suplicará penitência a seres divinos então,
E chorando escutará de resposta um não.

Quando saíres de casa e na praça parar,
E ver seu amigo com a família a brincar,
Sofrerá de inveja daquilo que vê
E chamando-o de louco, dirá que não soube viver.

Quando na cama sozinha o inverno te surpreender,
E você desejar uma família que nunca quis conceber,
Satirizará a si mesma no teu velho apartamento,
E confessará que esteve errada quanto o tal casamento.

Quando sumir da tua casa os ratos ou o trigo,
E você já velha encontrar em tudo um perigo,
Sumirá dos lugares que a você sempre encantaram,
E perceberá que todos te esqueceram e a outros buscaram.

Quando você da janela, o céu azul avistar,
E encontrar no espaço andorinhas a brincar,
Surtará de tristeza e falará então sozinha,
E se olhando no espelho não reconhecerá a velhinha.

Quando lembrares das risos que todos deram,
E você então lembrar do que lhe disseram,
Semeará nos mais jovens aquelas sementes,
E dirá que casar jamais foi coisa de dementes.



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Versos esquecidos

A virgem cai pelas pontas dos meus dedos em gemidos carregados de dor e prazer,
Um passo para a eternidade, uma flor prestes a morrer.
Da rua que atravesso, janelas me seguem com o mesmo olhar,
O poeta violenta virgens e mata flores, é um homem sem coração ou cor.
O poeta é um bêbado que tem no bolso uma garrafa vazia para onde não quer voltar.
O banco da praça, seu palco de dor e solidão...
E do edificio central pula a dama de vermelho,
Sua missão: Pintar o asfalto com a cor que excita e ser esquecida.
Poesias do jornal popular,
Comoções que não tocam o meu coração,
Um fim de túnel entre ratos e vagabundas,
Um cão que passa e a rua deserta.
A vida deu-me o seu melhor, restou-me  isso,
As lembranças dos dias de glórias
E a virgem pálida e fria sobre a cama vermelha...
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Franz Galvão Piragibe

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Sem mais.

Tão pouco choro
E tamanha solidão
traíra como os lobos
buscando minha parte do pão
querendo minha dose de perdão
sendo minha redenção

cultivando o dolo
o culpo
o pecado
despresando
sozinho sou todo
um rosto
que pouco a pouco

no outro que não tenho,
na outra que perco
em um espaço pequeno
que pouco a pouco

cabe sonhos e venenos
coube um ceifador e meus medos

Pouco a pouco
fico distante
e já não sou mais
o pouco, bobo que deixei para traz

Ando como quem perdeu a vida
durmo como quem não sonha mais
me restou o soldo e o troco
e um bobo môco moço.



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Bom o que eu tenho contra os normais? (pergunta que convém ser oriunda de um provedor).



...Tudo, mas dos mais latentes sentimentos, a inveja (na maioria das vezes a ruim mesmo). Sempre foi um desafio ser normal, envolve na maioria das vezes mentira, não que eu não minta, mas prefiro não padronizar minha vida com base na omissão. Todavia não entendo pretensão de ser o cara que casa na hora certa ou o que nunca desiste, sempre desisti de pessoas mesmo que na esperança que elas mudem quando especiais.



Trago comigo o senso comum de um povo que não têm voz nas mídias de massas, porque? Não são belos, não comovem, não são normais e o pior é que nunca morrem no final. São eles ideias que esta na vontade de um trabalhador quando olha o contra-cheque ou quando um filho vê um parente com necessidade de aposentar e estuda que a previdência esta falindo, e amanha não vai dar, e nesse dia de manha mais um politico roubou um tanto de dinheiro do INSS, você passando um puta de um perrengue a você pensa ... Isso, você pensou, pré-requisito de um ser, venho dos desgaste de um senso de justiça cada vez mais corrompido,pelos normais. Esse senso comum que é marginalizado nos jornais, que não se expressa, e nos dias de hoje são emudecido por um critério de auto conservação humano. Graça a Deus.



Não quero ter controle de nada, lidar com o improviso me parece muito atraente, deixei sonhar com um futuro distante, pois me dei conta que sonhei com o hoje ontem. Ser o que "esperam de mim", descontrola, pois faz das pessoas algo previsível, assim mesmo, como maquinas. Mediocridade é pra quem sabe viver, é um dom que não caibo. Aprendi contudo a questionar , assim, desafiando o conceito de vida no próprio decorrer dos dias.




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Disrétnia.

Para que negar o que sou na vida?
Só acordo todos os dias
por amor e rebeldia.
não sou o estado ou pais,
me orgulho de um sangue rubro e pele negra
não dessa bandeira.

Aprendi a gostar de coisas pequenas,
não por nobreza,
mas por sobrevivência.

Não tiro onda do que não sou,
se sou, eu externo se não...
observo.

O que eu sou? onde estou? pra onde vou?
não vai ser resposta
nem para mim nem para ninguém,
são apenas perguntas vazias que não dizem nada.

Olhe para os meus olhos,
imagine o que sinto.
Estará mais próximo do que escondo
por de traz de meus sorrisos.

De outro modo será só mais um que tenta me entender.

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