A - B

Bruna Stéphane






Bruna Stéphane

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Escribo poesía porque en el lenguaje poético no hay la necesidad de sentido, porque cuando me entrego al papel, transbordo mis sentimientos por el bolígrafo… Sentimientos esos que no caben en la realidad limitada que vivimos. Se tuviera que escribir todo lo que siento con palabras esclavas del sentido concreto, me quedaría callada. Porque mis sueños, mis deseos, mis emociones, no caben en el posible. En un mundo de seres tristemente “normales”, no se vuela con sus propias alas, no se confunde su propio imagen al espejo, no se reí mariposas, no se llora un río… Se oprime con reglas semánticas grandes maravillas de la mente humana. Porque en este mundo, sueños son un retraso y es por eso que escribo, me entrego a la poesía porque mi alma no quiere el normal, sensato, posible… A mi alma le interesa ser libre y escribiendo lo alcanzo, alzo vuelo. Escribo porque en el poema existo. Porque la realidad es limitada y para el pensamiento, no puede existir limitación.

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Ela esta sempre em movimento, em meio a agitação. Não porque leve no corpo uma alma alegre, visto que o que leva é uma alma morta, colorida com os tons do inferno que a habita. Em meio à multidão ela se esconde de si mesma, se camufla entre tantos rostos, risos, sons e cores; No silêncio ela se reconhece e não é bonito o que vê. No silêncio ela é sua própria inquisidora, a torturar-se com sentimentos pesados, provindos do pior abismo humano. O silêncio da solidão a convida a pensar, aludindo-lhe a memórias lancinantes. O silêncio não é bom, ele impulsiona ao vale da morte e sua pele conhece bem o caminho; Seu sangue ainda é componente fresco da lama fúnebre que o compõe. Sua alma reconhece a morte e, reconhecendo-a, escolhe a vida. Só não luta, porque seu coração esta congelado. A dor é fria, enegrece e petrifica. Mas ela voltará a ser forte um dia e enquanto espera, aciona o modo automático, estampa um sorriso falso e se esconde na multidão.

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Pradise

Eu era só uma menina, quando o peso do mundo me massacrou. O peso da maldade existente num coração onde eu pensei que só encontraria amor. Eu era apenas uma garota, quando conheci a maldade do mundo, e o ódio existente em uma pessoa que eu acreditei que sempre me protegeria. E eu era tão frágil... Que me quebrei em dois mil pedaços. E foi em meio as ruínas que sobrevivi durante vários anos. Eu era apenas uma garota, cheia de expectativas e sonhos. Mas o mundo me sufocou com doses laçantes de minha própria dor... Então eu me escondi em meu sono, e sonhei com o paraíso...

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Ele sentira asco pela podridão da alma que enxergara dentro daqueles olhos, então descobriu que tais olhos eram os seus próprios... No reflexo de um espelho. E percebera que não odiava certa pessoa pelos motivos que supunha, ele a odiava por não poder afetá-la. E porque enxergara dentro dela algo grandioso, que nunca seria seu.

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Se eu pudesse, se a sociedade não fosse tão privativa e preconceituosa, libertaria todos os meus ímpetos, daria a eles a liberdade de escorrer por todo o meu corpo, pintar minha pele, colorir meus cabelos... Eu alcançaria um direito sonhado, de estar mais próxima de ser eu mesma. Meus sonhos não ganhariam asas, ganhariam forma. Não, não é apenas pela cor dos cabelos, mas pelo que isso representa. Pela ânsia de ser livre, transbordando através da resistência, do não querer aceitar tantas imposições sociais, a respeito de como se deve portar, vestir, pensar... Sobre o que é ou não normal, socialmente aceitável. Somos meros prisioneiros de uma sociedade manipuladora, vil. E acabamos aceitando, nos adaptando... Deixando a luta para depois, para amanhã. Um amanhã que tanto tarda, que termina por nunca chegar. Escravos do século XXI, somos de todas as cores e o que nos define como os prisioneiros que somos, é o quanto levamos no bolso. Temerosos, inundados de vergonha e fúria, sonhamos todos os dias com tempos em que todos nasçam e morram realmente livres.

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Até mesmo a solidão, vez ou outra, pode ser uma boa companhia. Momento de apaixonar-se por si mesmo e mudar toda a sua vida, abandonar tudo quanto necessário para fazer-se feliz. Até mesmo a solidão pode ser fonte plena de aprendizado e auto-conhecimento. É que após tanto correr, em meio a tantos labirintos, a procura de pessoas que nunca lhe completaram, sozinho, você encontra um espelho e nele vê refletido tudo aquilo o que, inconsciente, buscava.

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Curiosa a transitoriedade do curso da vida. Uma adolescente que não acredita na felicidade, não possui amor próprio e só consegue ver em si mesma uma inutilidade que abomina... E em cujo peito, pele e memória, transbordam suas fraquezas, lapidadas pela força do tempo, da dor e do medo; Se transforma em uma mulher de força inigualável, apaixonada pela própria vida em níveis que vão além de sua própria compreensão. As sombras de seu antigo presente, perdido no passado, permanecem eternamente congeladas no agora, como memórias... Não a atormentá-la, mas a servir-lhe como combustível para renovar-se a cada dia. Força, fé, coragem e amor [próprio]. O homem peca ao crer que a transcendência pode ser alcançada através de seus vínculos com os demais ou mesmo apenas baseado em suas experiências nesta vida; Na verdade ela esta em território muito mais complexo, no vale desconhecido da mente humana... Mesclado as ideias e sentimentos mais ocultos que constituem cada ser.

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É gostar de se iludir pensar que as coisas poderiam ser diferentes. Que a felicidade poderia finalmente ter gostado de mim e resolvido ficar. Não sou dessas, sou da noite, da melancolia. Não fui feita para sorrisos cálidos e manhãs alegres; Fui feita para saber descrever para este mundo, de todas as formas possíveis, a profundidade da dor. Fui concebida para me habituar a lama fúnebre do fundo do poço. Muito lisonjeio de minha parte, pensar que poderia ser diferente.
Olá vazio, bem vindo novamente.

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Hoje me sinto ferida de morte. Mas minha pele não sangra, porque a ferida é do outro lado. Algumas vezes o mundo nos escapa por sob os pés e nos sentimos caindo no infinito. Não vale a pena depositar todas as suas expectativas no humano, o humano é falho, tendencial ao erro. É sempre mais sábio reservar algo para si, algo que o alimente, quando todos os seus amores lhe virarem as costas. Sabendo que o que é verdadeiro, o que é seu, sempre estará de volta pela manhã, embriagado pela chuva das estrelas, e ainda repleto do mesmo amor.

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Ele nunca fora bom em lidar com os próprios sentimentos. Naquele instante, percebeu que amava a vida de maneira sublime e intensidade infinita; E se matou.

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Curiosa a transitoriedade do curso da vida. Uma adolescente que não acredita na felicidade, não possui amor próprio e só consegue ver em si mesma uma inutilidade que abomina... E em cujo peito, pele e memória, transbordam suas fraquezas, lapidadas pela força do tempo, da dor e do medo; Se transforma em uma mulher de força inigualável, apaixonada pela própria vida em níveis que vão além de sua própria compreensão. As sombras de seu antigo presente, perdido no passado, permanecem eternamente congeladas no agora, como memórias... Não a atormentá-la, mas a servir-lhe como combustível para renovar-se a cada dia. Força, fé, coragem e amor [próprio]. O homem peca ao crer que a transcendência pode ser alcançada através de seus vínculos com os demais ou mesmo apenas baseado em suas experiências nesta vida; Na verdade ela esta em território muito mais complexo, no vale desconhecido da mente humana... Mesclado as ideias e sentimentos mais ocultos que constituem cada ser.

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Mais uma vez estou sentada, no pico daquela velha montanha, sentindo o vento no rosto, olhando o sol ir embora e me lembrando, de tudo o que eu perdi. Mas dessa vez a melancolia que me toca não tem sabor de dor, de sofrimento, ela tem um gosto doce, da saudade que eu sinto de tudo que um dia encheu minha vida com as mesmas cores que contemplo agora, no crepúsculo de meu amadurecer para novos tempos. 

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Tenho me matado um pouco todos os dias. Com doses maciças de uma vida sem rumo. 



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Poetas nunca Morrem


Ainda que eu não consiga sentir isso, um dia vou partir. Quando ocorrer quero deixar para trás muitos de meus pedaços, um vasto quebra-cabeças de palavras, carregadas dos mais diversos sentimentos e ideias. Não sei se conceberei herdeiros, mas, de todo modo, quero deixar minha herança ao mundo: uma dose a mais de poesia. Juntar-me-ei aos precursores de meu tempo, outros domadores da palavra. E assim como eles, ei de permanecer eternizada... Porque poetas, nunca morrem.


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Um dia eu abri as portas de minha vida e deixei o amor entrar. E eu amei, com toda a intensidade do meu ser. Com os anos nossas fraquezas provaram nossa incompatibilidade, mas embora tentássemos, não conseguíamos partir, não conseguíamos nos forçar a seguir caminhos diferentes. Mais anos se passaram e fomos destruindo tudo de bom que havia em nós... E quando o último ligamento que nos unia foi rompido, percebemos que já não era mais possível negar a realidade e que a única saída era reconhecer que nosso amor já não estava mais vivo. Entendemos que vivemos belos momentos, fomos muito felizes, embora também tenhamos sofrido o peso de nossos erros, tenhamos por vezes nos odiado quase em mesma proporção em que nos amamos. Sabemos que prolongamos desnecessariamente nossa história, o que não anula em nenhum aspecto a magnitude do que vivemos, tudo foi muito válido. Hoje percebo o quanto é difícil deixar o passado ir embora, deixar partir aquilo que um dia foi a sua vida inteira... Mas o escritor precisa estar preparado para escrever um novo capítulo, sempre que perceber que o anterior não foi feito para ser eterno. E deixar que ele seja o novo capítulo de alguém. Acima de qualquer coisa, saiba que amor, quando morre, não se converte em ódio nem indiferença, muito pelo contrário. Amor, quando morre, deixa em seu lugar uma essência sublime que, mais tarde, aprendemos a chamar de AMIZADE.

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